A vida após o Twitter
Oi, meu nome é Miranda, e estou a duas semanas sem Twitter
Oi, meu nome é Miranda, e estou a duas semanas sem Twitter. Ou quase isso, porque tive uma pequena recaída essa tarde. Mas parei novamente, comprovando que eu tinha razão: não sou viciada, sou capaz de parar quando quiser.
Com duas semanas já sinto os primeiros benefícios à saúde de ter largado as redes sociais. Primeiro, a ansiedade diminuiu. Na verdade, ela aumentou nos primeiros dias, provavelmente num efeito rebote ou crise de abstinência, mas depois disse ela diminuiu e o estresse foi junto. É bom não se bombardeada por uma quantidade exorbitante de informação por minuto. Segundo benefício, comecei a fazer exercícios físicos. Ou pelo menos saí para caminhar uns três dias de quinze, mas já é alguma coisa. E terceiro… Bom, devem ter mais vantagens, mas tanto faz, porque a paz de espírito já vale a investida. Sinto que ganhar mais tempo livre para investir em outras coisas deveria ser uma vantagem, mas ainda estou penando para investir esse tempo em algo útil.
Depois de duas semanas consigo pesar as coisas que mais fazem falta na vida após o Twitter: a primeira delas é a facilidade com que é possível ler notícias a partir de tweets. Eles são mais velozes do que os sites dos jornais, e se você sabe montar uma seleção variada de fontes confiáveis, você sempre vai saber de tudo que precisa praticamente em tempo real. O que é bom, mas é um fardo, o estresse que vem junto desse poder é inútil. No final das contas, você poderia ler um artigo de jornal no final do dia e gastar muito menos tempo e esquentar menos a cabeça.
Outra coisa que sinto falta é de poder falar coisas sem saber se alguém vai ler e postar algumas piadas com timing certeiro. Para falar sem saber quem vai ler eu tenho uma newsletter, para as piadas com o timing certeiro eu tenho… bem, eu tenho a newsletter também, mesmo que o momento não seja tão garantido. Se você está lendo isso no dia 9 de janeiro de 2023, aí vai uma: Bolsonaro estaria se cagando de medo se hoje fosse o “dia sim”. Como é o “dia não”, ele foi internado.
Também sinto falta de saber como anda a vida dos meus amigos a partir de trechos crípticos e mensagens de duas linhas abertas para interpretação. Talvez agora eu tenha que efetivamente manter contato, como meus ancestrais faziam, e começar a escrever cartas.
E por isso estou escrevendo essa carta. Para dizer que estou bem, que este ano o céu está mais brilhante, que não me arrependo da minha decisão, e perguntar como vão os seus dias.
P.S.: como eu não consigo mais divulgar minha newsletter nas redes sociais, faça isso por mim, por favor.